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sábado, 15 de janeiro de 2011

Janela da alma





Janela da alma


Deu uma leve ajeitada na pequena cortina,e se pôs novamente a olhar para o nada, as gotículas de água  molhavam o vidro do lado de fora.
Lá fora? o verde das matas e o azul da serra do mar,arvores,mato e pedras compunham uma paisagem maravilhosa e ao mesmo tempo teciam uma dor terrível.
Traziam consigo a dor da saudade,no meio da serra ficavam seus melhores momentos,seus melhores amigos,seus melhores sorrisos,aquela janelinha pequena por onde os pássaros já não passavam mais,apresentava um dia cinzento e chuvoso,a lama, a estrada de ferro, a chuva fina que caía molhando a locomotiva vermelha que vinha cortando a velha serra e deixando ainda mais cinzento o céu nublado.
Seus olhos ficaram lacrimejantes e estremeciam segurando as lágrimas que tinham de cair,na garganta um choro abafado de alguém que não queria estar ali.
olhou ao redor,e viu muitas pessoas que conversavam sentadas,viu outras com as caras enfiadas em seus jornais matutinos,jovens com aparelhos sonoros,quanta gente diferente,as vozes e o barulho transformavam a musica calma em uma melodia triste e infernal,quanta saudade,quanta solidão.
Pelo corredor apertado uma garçonete lhe trazia o café.Sorriu,agradeceu,pegou-o e deu o primeiro gole,olhou para as bagagens e viu uma pequena parte de sua historia trancada ali dentro,tomou mais um gole,olhou novamente pela janela,e viu as pessoas todas de preto com seus casacos, guarda chuvas e chapéus escondiam os rostos,uns tristes uns felizes, de repente o trem chega fazendo o típico barulho irritante ou até mesmo prazeroso,levantou os olhos,pediu a conta,pagou o cafezinho e levantou-se,andou por entre as mesas,empurrou a porta e saiu.
Tomando forças estufando o peito,caminhou pela calçada até a plataforma nº15,a fumaça parava de subir,olhou pela janela,desta vez a do trem,pôs as malas no chão,pensou,pensou,por um momento exitou,andou novamente,tentou continuar,mas pousou as malas no chão com certa decisão.
Olhava por entre as cabeças a espera de de uma pessoa para lhe ajudar,mas um outro alguém se aproximava entre a multidão,um alguém que corria aos gritos balançando as mãos para o alto,ao mesmo tempo o maquinista fazia um sinal dizendo que o trem estava a partir,uma lágrima caiu...
Pensou novamente,olhou para traz,o coração estremecia no peito ,uma corrente elétrica lhe atravessava,vinha em sua direção,e agora o que fazer?
Pela ultima vez pensou, carregou as malas e deu as costas,mas antes que pudesse pisar o primeiro degrau,alguém lhe segurava com firmeza o braço,parou subitamente,olhou para seu rosto com as lágrimas  de rancor nos olhos,deixou que suas mãos fossem seguradas ,e pode novamente sentir o gosto do beijo,e o gosto do perdão.
O trem partiu...

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